Buraca da Moura
A gruta da Buraca da Moura da Rexaldia localiza-se no lugar do Casal da Pena, freguesia de Chancelaria, concelho de Torres Novas, distrito de Santarém. Está descrita na folha n.º 309 da Carta Militar de Portugal, Localiza-se no sopé do arrife, sendo descrita como uma gruta «de grandes dimensões, na qual se penetra, actualmente, através de uma passagem no caos de blocos de abatimento que existe nesta zona.
Foi objecto de escavações no início da década de 80 do século passado, da responsabilidade do Sr Manuel Farinha dos Santos, tendo sido recolhido abundante espólio arqueológico referente a sepulturas de épocas distintas (entre o qual se contam recipientes cerâmicos, artefactos de adorno pessoal e pontas de seta)– tendo sido identificadas ocupações/utilizações referentes ao Neolítico, Calcolítico, Idade do Bronze, idade do Ferro e Época Romana, revelando uma longa diacronia de ocupação desta cavidade cársica.
Existe um espólio arqueológico em abundância relativo – nomeadamente, vestígios osteológicos humanos. Foram recolhidos outros artefactos, igualmente notáveis – destacando-se uma alabarda e um espantoso conjunto de pontas de seta e lâminas de sílex bem como placas de xisto gravadas. Este espólio encontra-se actualmente depositado na sede da Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia.
Por muito que se especule sobre o significado das placas de xisto gravadas e ali encontradas, parece comum serem elas a representação de uma ou mais divindades (tendo em contas as características gerais e particulares que estes artefactos apresentam) ligadas a uma ideia de morte/regeneração/fecundidade (daí fazerem parte dos mobiliários votivos que acompanhavam os inumados em finais do Neolítico e inícios do Calcolítico).
É um depósito arqueológico com cerca de 7.000 anos, de grandes dimensões, com potencial reconhecido por João Zilhão, arqueólogo português de renome. A gruta encontra-se nos dias de hoje completamente desprotegida, e é periodicamente saqueada por populares da região. No exterior encontram-se, por entre as terras retiradas do interior da cavidade, numerosos vestígios osteo1ógicos e mesmo artefactos. Seria imprescindível colocar um portão de protecção que permitisse condicionar o acesso à gruta e preservar os depósitos arqueológicos remanescentes de mais depredações.